“Cada vez que consigo alcançar um novo pico, eu vejo outro que gostaria de escalar. É alguma coisa do tipo ‘não consigo parar’. Acho que deveria descansar e admirar a paisagem, mas não posso…”, Madonna.
Chega aos cinemas o documentário The Breakfast Club que narra o início da carreira de Madonna, quando ela era apenas a baterista de uma banda de rock. O filme é lançado, com uma única sessão, propositalmente, no dia do seu aniversário: 16 de agosto.
Madonna completa 61 anos. Mãe solteira de seis filhos, ela não para. Uma prova é o seu mais recente disco, “Madame X”, décimo quarto da carreira, lançado neste ano.
Em quase quatro décadas de trajetória, seu nome tornou-se uma marca e um movimento dentro da indústria da música. Os números não mentem: o livro dos recordes aponta Madonna como a mais bem-sucedida artista feminina de todos os tempos.
Marketing e inovação
Recentemente, Madonna conquistou mais um recorde: é a primeira artista feminina a ter quatro clipes no YouTube, de décadas diferentes, que ultrapassam os 100 milhões de visualizações.
Durante décadas, ela construiu e expôs clipes, músicas, filmes e documentários em vários formatos de mídias, característicos de uma geração específica, como LP, VHS, fita cassete (anos 80); CD e DVD (anos 90), Blu-Ray, internet e redes sociais (anos 2000/2010). Reinventou inclusive a forma de fazer shows e turnês. Uma das suas últimas apresentações incluiu a Realidade Aumentada.
É conhecida também por trazer para perto de si seus concorrentes. Investiu em parcerias com artistas que estavam sempre surfando na crista da onda. São exemplos: Prince, Bjork, Britney Spears, Justin Timberlake, Nicki Minaj, e, mais recentemente, Maluma e Anitta.
Muitos críticos dizem que Madonna é uma variação sobre si mesma. No entanto, para a especialista em marketing Ariane Feijó, existe um legado que merece um olhar mais apurado:
“Inovar não é começar do zero, é saber tão bem o que já se fez (passado), onde se quer chegar (futuro) e ter tanto controle sobre sua técnica, produto e serviço (presente) que cada novo passo mostra consistência e relevância de forma diferente. Da Vinci, Anita Malfatti, Louise Bourgeois, Matisse – os grandes mestres e mestras – fizeram isso. Se eles copiaram alguém, copiaram eles próprios. Mas, nunca, no mesmo nível da criação anterior. E assumiram as suas referências.”
Responsabilidade Social e Inclusão
Neste ano, Madonna tornou-se embaixadora do Stonewall, bar/fundação que deu origem às paradas LGBTs pelo mundo. Neste ano, foram comemorados 50 anos da entidade. Em 2016, ela recebeu o prêmio de “Mulher do Ano”, pela revista Billboard.
No evento, Madonna relembrou não só sua trajetória, reconhecida por suas inúmeras reinvenções, mas, também, assuntos delicados vivenciados por ela, que acometem muitas mulheres: abuso sexual e estupro.
Outro ponto chave desse discurso é quando a Rainha do Pop faz uma reflexão sobre o que é envelhecer hoje. Conforme a análise da jornalista Sandra Boccia, a artista lembra que o mundo do entretenimento não é tão diferente do ambiente de uma empresa. As pessoas não estão acostumadas a ver senhoras com mais de 50 anos circulando por esses lugares.
Se não está nada fácil, nem mesmo para mulheres consideradas poderosas do showbusiness, é sinal que ainda temos muito que avançar, não é mesmo? Mas o mundo vem mudando. E mudar requer repensar valores, missões e comportamentos para resistir à passagem do tempo de um mundo hoje tão disruptivo.