Na data mais que especial para o orgulho LGBTQIAP+, o blog separou uma lista de artistas da música que refletem valores dessa comunidade ao longo de décadas.
São referências de várias gerações e gêneros musicais. Muitos deles inclusive refletem contextos de épocas distintas entre si. Na nossa linha do tempo e de demais playlists ao longo da matéria, você vai poder conhecer e relembrar um pouco da diversidade desse universo. Aperte o play e vamos lá!
Dancing Queen: Abba – 1976
Essa toca em quase todo casamento ou baile de formatura, não é mesmo?! “Dancing Queen” é uma canção gravada pela banda sueca ABBA, lançada em 1976 como parte do álbum “Arrival”. Junto de “Fernando”, outro hit da época, é considerada um dos maiores sucessos da década de 1970.
Ela também foi escolhida a música que mais representa a comunidade LGBTQIAP+ de todos os tempos, por internautas que votaram no site australiano SameSame. Anos atrás, o grupo fez um agradecimento à comunidade LGBTQIA+.
I Will Survive: Gloria Gaynor – 1978
Considerada Rainha da Era Disco, Glória Gaynor é uma das poucas cantoras que conseguiu emplacar diversos hinos na comunidade LGBTQIAP+. Em 1978, lançou I Will Survive (Eu irei sobreviver), uma música sobre resistência e luta. Regravada por inúmeros artistas, a versão do grupo CAKE em 1996 traz uma pegada rock e algumas mudanças na letra.
Com o lançamento das faixas I am What I am (I am Gloria Gaynor) e Never Can Say Goodbye (disco homônimo), Gloria Glaynor alavancou ainda mais seu sucesso internacional, liderando as paradas de dança do mundo.
YMCA: Village People – 1978
“YMCA” é um hino das festas que nasceu cheio de polêmica com o Village People, grupo em que cada integrante performa os seguintes personagens: policial, índio nativo estadunidense, cowboy, pedreiro, soldado e motorista vestido com roupas de couro. Figurinos que brincam com a virilidade masculina sob o ponto de vista da cultura LGBTQIAP+.
Lançada em 1978, a canção causou revolta no grupo cristão Young Men’s Christian Association (YMCA) devido à referência. Houve até um processo judicial, mas ele foi retirado, sem motivo aparente. No entanto, há alguns anos ,a organização mudou o nome para “Y”. Mesmo diante de tanta controvérsia, “YMCA” é considerado um dos maiores sucessos do grupo musical.
Amor meu grande amor: Ângela Ro Ro – 1979
Em parceria com a letrista e escritora Ana Terra, a carioca Angela Ro Ro compôs a balada “Amor Meu Grande Amor”, para o seu primeiro álbum.
É um dos maiores clássicos da carreira da cantora assumidamente lésbica. A música consiste numa forte declaração amorosa que já foi gravada, por exemplo, pela banda Barão Vermelho, em 1995.
I´m Coming Out: Diana Ross – 1980
I’m Coming Out é uma canção gravada pela cantora norte-americana Diana Ross. O nome da música tem duplo sentido. Originalmente corresponde a “sair do esconderijo”. No entanto, também pode se referir a “sair do armário”, termo adotado pela comunidade LGBTQIAP+ para descrever a auto-revelação de orientação sexual ou identidade de gênero. Foi um pulo para virar mais um hino.
E faz todo sentido, se olharmos a origem da música. De acordo com Nile Rodgers, coescritor e coprodutor da canção, sua inspiração veio depois de ir a uma discoteca na Califórnia. Lá, ele viu várias drag queens fantasiadas de Diana Ross, que já era idolatrada pela comunidade gay.
Homem com H: Ney Matogrosso – 1981
De autoria do paraibano Antônio Barros e composta na década de 1970, a canção “Homem com H” foi iconicamente eternizada na voz do cantor Ney Matogrosso.
Foi tema inclusive deste artigo acadêmico que explica como ela projeta reflexões sobre convenções que sufocam várias nuances de masculinidades. Além do mais, “Homem com H” será o nome do musical que irá contar, nos palcos, a trajetória de Ney Matogrosso.
It’s Raining Men: The Weather Girls – 1982
“It’s Raining Men” é uma canção do duo musical norte-americano The Weather Girls, lançada em meados de 1982. E imaginar que ela foi oferecida, pela primeira vez, para Diana Ross, Barbra Streisand, Donna Summer e Cher, divas consideradas ícones gays. Após várias recusas, inclusive da própria Donna Summer. que se tornou cristã e quis se afastar do público LGBTQIAP+, a música encontrou pretendentes em dose dupla: Marta Wash e Izora Armstead.
Mas por pouco não foi rejeitada outra vez, como afirma esta matéria para o Huff Post. Com o refrão “Está chovendo homem”, ela se tornou atemporal e trilha de diversos filmes e séries. Recentemente, a música se tornou mais inclusiva, mudando o nome para It´s Raining Them, para aderir também a outros grupos da sigla LGBTQIAP+.
I want to break free: Queen – 1984
Só o clipe dessa música figura como um dos mais polêmicos, porém representativos para a cultura LGBTQIAP+. O ano era 1984. A banda – a partir da ideia de Deborah Leng, uma das namoradas dos integrantes – resolveu imitar a novela britânica Coronation Street, performando como drag queens no estilo donas de casa. O clipe chegou a ser banido em algumas emissoras dos Estados Unidos, inclusive na MTV.
A letra também vem carregada de várias interpretações, como informa a revista Rolling Stone, devido à orientação sexual do vocalista Freddie Mercury e à mensagem sobre libertação presente na canção.
Codinome Beija-Flor: Cazuza – 1985
“Codinome Beija-Flor” faz parte do disco “Exagerado”, do cantor e compositor Cazuza, homossexual assumido e que morreu em decorrência da Aids, no início dos anos 90. Ele também foi vocalista da banda Barão Vermelho no início da carreira.
A inspiração para a música veio quando o artista estava internado no hospital, em 1985. Durante a espera do resultado dos exames para HIV, ele recebeu a visita de um beija-flor na janela. A canção ganhou inúmeras regravações ao longo de décadas, por exemplo, nas vozes de Simone, Luiz Melodia, Wando, Ana Cañas, Diogo Nogueira, entre outros artistas.
I Wanna Dance with Somebody (Who Loves Me): Whitney Houston – 1987
I Wanna Dance with Somebody (Who Loves Me) foi o primeiro single do segundo álbum da cantora bissexual Whitney Houston. A canção fala sobre uma garota que quer vencer o tédio e, quando chega a noite, ela quer dançar com alguém que a ame. Diante do histórico pessoal da vida de Whitney, em que ela nunca assumiu publicamente sua orientação sexual e os casos de abusos do companheiro, a música pode representar como um hino tímido de libertação.
E, como afirma Jeromiah Taylor, nesse artigo para o The Sunflower, as pistas de danças para a comunidade LGBTQIAP+ são um ato político de liberdade. Uma dose de interpretação que cai como uma luva. Além do mais, I Wanna Dance With Somebody dá nome ao próximo longa-metragem sobre a vida de Whitney Houston.
Meninos e meninas: Legião Urbana – 1989
Com uma letra contagiante e que grudou na cabeça da juventude na virada para a década de 1990, “Meninos e Meninas” faz parte do quarto disco da banda Legião Urbana. Foi por meio dessa canção que Renato Russo sugeriu, pela segunda vez, a sua bissexualidade. A primeira menção foi com “Daniel na cova dos leões” do álbum “Dois”. A música virou tema deste artigo acadêmico que aborda os diferentes tipos de amor vividos pelo vocalista do grupo.
Vogue: Madonna – 1990
Com esse hit eterno, Madonna apresentou às massas parte da cultura Ballroom. Conforme explica esta matéria, a canção é inspirada no estilo de dança vogue, criado no bairro nova iorquino Harlem, pela comunidade LGBTQIAP+ negra e latina, no final da década de 1980. Escrita em parceria com o produtor musical Shep Pettibone, Madonna cita nos versos da música nomes de grandes astros de Hollywood, como Greta Garbo, Marilyn Monroe, Marlon Brando, Grace Kelly e Fred Astaire.
Freedom: George Michael – 1990
Símbolo sexy dos anos de 1980 e 1990, George Michael desbravou sua orientação com mensagens subliminares no clipe e letra de Freedom. Segundo este artigo do El País, a canção vai muito mais além, pois é um termômetro para medir “a moda, a música, a fama, os homens, as mulheres, a sexualidade e os meios de comunicação dos anos 90”.
Born this Way: Lady Gaga – 2011
Carro-chefe do álbum homônimo, Born this Way, da artista bissexual Lady Gaga, é uma ode declarada sobre liberdade e autoaceitação. Foi um pulo estratosférico para a canção se tornar um dos maiores hinos da comunidade LGBTQIAP+ na segunda década dos anos 2000, marcando uma geração.
Em 2021, o disco completou 10 anos. Para comemorar a data, Lady Gaga lançou um álbum intitulado “Born This Way Reimagined: The Tenth Anniversary”. Além das 14 canções originais, ele traz versões reinventadas do hit atemporal “Born This Way”, feitas por artistas que são referência dentro do universo LGBTQIAP+.
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E não acabamos por aqui. Se você quer conhecer os artistas da nova geração da comunidade LGBTQIAP+, confira a playlist “Na diversidade do som”, produzida pela analista de negócios Priscila Silva.