Qual o último filme que você viu com um diretor negro? E uma diretora negra? Você se lembra qual personagem negra ou negro lhe marcou? E, caso você se lembre, como esses personagens são retratados? As respostas a estas perguntas podem apontar reflexões de como o cinema conduz a representação da comunidade negra.
Recentemente, a Academia do Oscar divulgou que irá adotar, em 2024, critérios para incluir produções que estimulem a diversidade e inclusão. E não é por menos.
Os dados não deixam mentir. Basta olhar a premiação mais popular do cinema mundial. O Oscar foi para as mãos de profissionais negros e negras apenas 44 vezes, o que corresponde a menos de 2% das 3.140 estatuetas entregues até os dias atuais.
Uma breve volta ao passado
Para se ter uma ideia, em 1940, Hattie McDaniel ganhou o Oscar de melhor atriz coadjuvante por “E o vento levou” e tornou-se a primeira atriz negra a levar a “estatueta”, depois de 12 anos de existência da premiação. No entanto, só em 2001 o Oscar premiou uma atriz negra na categoria principal: Halle Berry, em “A Última Ceia”. É a primeira e única até hoje.
Alguns estudiosos destacam que ainda há um longo caminho para reduzir a falta de representatividade e a representação negativa. Mas, por outro lado, há avanços em comparação ao que era retratado no passado.
Por exemplo, o primeiro filme falado do cinema, “O cantor de jazz”, de 1927, trazia a técnica blackface, que consiste em um ator branco pintar o corpo de preto para interpretar um personagem negro. Isso era bastante comum naquela época. Ainda bem que isso caiu no ostracismo, não é mesmo?
De lá pra cá, vários atores, atrizes e cineastas negros foram conquistando prêmios, sucesso de público e crítica e abrindo caminho para novas gerações. Por isso, o blog separou algum deles para celebrar o Dia da Consciência Negra. Vamos conhecê-los?
Lovecraft Country (2020) – dir. Victoria Mahoney
Ficção científica, terror e suspense se misturam nessa epopeia de um rapaz, sua amiga e seu tio em busca do seu pai desaparecido, na década de 1950, quando os Estados Unidos eram marcados pela segregação racial. Disponível: HBO. Classificação indicativa: 16.
Watchmen (2019) – dir. vários
A série dá continuidade às histórias dos quadrinhos em que justiceiros mascarados têm que lidar com uma sociedade racista que os despreza. Disponível: HBO. Classificação etária: 18.
A Lição de Moremi (2020) – dir. Kunle Afolayan
Uma universitária da Nigéria desafia o sistema acadêmico ao denunciar um carismático professor que a estuprou. A trama é baseada em fatos verídicos. Disponível: Netflix. Classificação indicativa: 16.
I may destroy you (2020) – criação: Michaela Coel
Sucesso de crítica, a série traz a história de Arabella – intepretada por Michaela Coel, também roteirista do seriado – que vive uma promissora escritora cuja vida muda quando é vítima de agressão sexual numa boate. Disponível: HBO e NET Claro. Classificação indicativa: 16.
Olhos que condenam (2019) – dir. Ava Duvernay
Baseada em fatos verídicos, a minissérie de quatro episódios mostra a história de cinco garotos (quatro negros e um latino) que são injustamente acusados de um estupro. Disponível: Netflix. Classificação indicativa: 16.
Oprah apresenta: Olhos que condenam (2019)
A trama também rendeu um documentário em que a artista Oprah Winfrey entrevista o elenco, a diretora Ava DuVernay e os personagens reais que inspiraram a obra. Disponível: Netflix. Classificação indicativa: 16.
Se a Rua Beale Falasse (2019) – dir. Barry Jenkins
Um casal é separado após um deles ser acusado de um crime. Quando a mulher descobre que está grávida, irá correr contra o tempo para conseguir provas suficientes para inocentar o seu companheiro. O filme rendeu a Regina King o Oscar de melhor atriz coadjuvante. Disponível: HBO Go, Looke, Google Play Movies, Apple iTunes. Classificação indicativa: 14.
O ódio que você semeia (2018) – dir. George Tillman Jr.
Uma adolescente negra, que vê o amigo de infância ser assassinado por policiais brancos no bairro onde mora, torna-se a única testemunha ocular do crime e é pressionada por todos lados a se posicionar ou não diante do caso. Disponível: Telecine. Classificação indicativa: 14.
O que ficou para trás (2020) – dir. Remi Weekes
Um casal do Sudão foge da guerra para recomeçar a vida na Inglaterra, mas é atormentado por algo sinistro que vive na nova casa. Disponível: Netflix. Classificação indicativa: 14.
Corra (2017) – Jordan Peele
Um jovem fotógrafo negro descobre um segredo sombrio quando conhece os pais aparentemente amigáveis da sua namorada. O filme tornou-se uma referência ao trazer a questão do racismo no gênero terror e ganhou o Oscar de melhor roteiro original. Disponível: Telecine. Classificação indicativa: 14.
Atlanta (2016) – criação: Donald Glover
A série aborda a ascensão de dois primos, com visões opostas sobre vários temas da vida, no cenário do rap em Atlanta. O seriado é criado e protagonizado pelo ator e músico Donald Glover. Disponível: Netflix. Classificação indicativa: 18.
Infiltrados na Klan (2018) – dir. Spike Lee
Nos anos de 1970, o primeiro detetive afro-americano de uma delegacia enfrenta o preconceito no trabalho, ao mesmo tempo que finge ser um homem racista branco para se infiltrar na Ku Klux Klan, organização de supremacistas brancos. O filme ganhou o Oscar de melhor roteiro adaptado. Disponível: Amazon Prime. Classificação indicativa: 14.
Chiraq (2015) – dir. Spike Lee
Mais um filme do consagrado diretor Spike Lee. Quando uma criança é morta por uma bala perdida, as mulheres se reúnem e decidem tomar uma atitude drástica: iniciar uma greve de sexo até que os homens concordem em abandonar as armas e as disputas entre gangues. Disponível: Amazon Prime. Classificação etária: 16.
Malcom X (1992) – diretor Spike Lee
O líder afro-americano Malcolm X tem o pai assassinado pela Klu Klux Klan e sua mãe internada por insanidade. Preso aos 20 anos de idade, Malcolm se converte ao islamismo e passa a pregar seus ideais. O filme rendeu ao ator Denzel Washington o Oscar de melhor ator. Disponível: Amazon. Classificação indicativa: 14.
Selma – Uma luta de igualdade (2014) – dir. Ava Duvernay
A diretora Ava DuVernay (Olhos que Condenam) comanda a cinebiografia do pastor protestante e ativista social Martin Luther King Jr. O filme acompanha as marchas realizadas por ele e manifestantes pacifistas em 1965, entre a cidade de Selma, no interior do Alabama, até a capital do estado, Montgomery. Disponível: NetMovies, Looke, Google Play Movies, Microsoft Store e Apple iTunes. Classificação indicativa: 14.
Estrelas Além do Tempo (2016) – dir. Theodore Melfi
Durante a corrida espacial, três matemáticas negras Katherine Johnson (Taraji P. Henson), Dorothy Vaughn (Octavia Spencer) e Mary Jackson (Janelle Monáe) tentam se autoafirmar dentro da Nasa. Baseado em uma história verídica, o longa foi indicado a três Oscars, incluindo o de Melhor Filme. Disponível: Telecine. Classificação etária: livre.
12 anos de escravidão (2013) – dir. Steve McQueen
A trama se passa na pré-Guerra Civil norte-americana, em que um homem negro livre é raptado e vendido como escravo nos estados sulistas. Ele terá que lutar pela vida e pela liberdade e, também, contra o sistema escravagista da época. A produção levou a estatueta de melhor filme e melhor atriz coadjuvante para Lupita Nyong’o. Disponível: Apple iTunes, Google Play Movies, Microsoft Store. Classificação etária: 14.
Madame Satã (2002) – dir. Karim Aïnouz
João Francisco dos Santos, mais conhecido como Madame Satã, é travesti, filho de escravos, ex-presidiário, bandido, homossexual e patriarca de um de uma família nada tradicional, na conservadora sociedade carioca dos anos de 1930. Disponível: transmissão no Mídia Ninja. Classificação indicativa: 16.
Tim Maia Vale o que viver (2014) – dir. Mauro Lima
A vida conturbada e a trajetória musical do cantor e compositor Tim Maia, da infância no Rio de Janeiro até a morte prematura, aos 55 anos. O ex-BBB Babu Santana protagoniza a história e levou a estatueta na categoria de melhor ator, no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. Disponível: Net Now. Classificação indicativa: 16.
Homecoming (2019) – dir. Beyoncé e Ed Burke
Neste documentário, a cantora norte-americana Beyoncé aborda sua trajetória durante a apresentação no Coachella em 2018. Ela foi a primeira artista negra a ser a principal atração do festival de música. Disponível: Netflix. Classificação etária: 12.
Tina – A verdadeira história de Tina Turner (1993) – dir. Brian Gibson
A “rainha do rock and roll” ganhou uma cinebiografia na década de 1990 que narra o início da sua carreira ao lado do marido Ike Turner e seu casamento conturbado marcado por constantes agressões físicas e psicológicas. Angela Bassett levou o Globo de Ouro de melhor atriz em comédia ou musical pelo papel. Classificação etária: 18.
Ray (2004) – dir. Taylor Hackford
A turbulenta história do gênio musical Ray Charles, deficiente visual desde a infância. O ator Jamie Foxx conquistou o Oscar na categoria de melhor ator ao interpretar o lendário e controverso artista do soul. Disponível: Amazon Prime. Classificação etária: 16.
James Brown (2014) – dir. Tate Taylor
Neste musical, o saudoso ator Chadwick Boseman (1976-2020) vive o lendário músico e dançarino James Brown. O filme retrata a infância pobre, os abusos, a prisão e a carreira profissional até se tornar o “pai do soul”. Disponível: Telecine. Classificação indicativa: 14.
Pantera Negra (2018) – dir. Ryan Coogler
E pra fechar a nossa lista com chave de ouro, indicamos mais um filme com Chadwick Boseman, em que o ator faz o papel de T’Challa, o super-herói e príncipe do reino de Wakanda, que perde o pai e viaja para os Estados Unidos, onde tem contato com a liga dos Vingadores. Classificação etária: 12.
Gostou da lista? Quais outros filmes você também indicaria? Deixe suas sugestões nos comentários.
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