Há roteiros no mundo de Hollywood que a própria razão desconhece. Parece que diretor londrino Sacha Gervasi resolveu levar premissa à risca ao filmar a produção ‘Hitchcock’ (2013), que dá um breve panorama de como foi o trabalho por trás das câmeras no clássico ‘Psicose’ (1960).
O filme é baseado no livro ‘Alfred Hitchcok e os bastidores de Psicose’, de Stephen Rebello, obra que é obrigatória pra quem admira o legado do cineasta Alfred Hitchcock (1889-1980).
O filme é baseado no livro ‘Alfred Hitchcok e os bastidores de Psicose’, de Stephen Rebello, obra que é obrigatória pra quem admira o legado do cineasta Alfred Hitchcock (1889-1980).
Na verdade, ela se torna primordial para que nenhum espectador mais desavisado se encante, de primeira, com o trabalho de Gervasi (roteirista de ‘O terminal’, 2004).
Infelizmente, ‘Hitchcock’ foca mais o relacionamento do mestre do suspense, interpretado por Antony Hopkins, e sua mulher e colaboradora perspicaz Alma Reville (Helen Mirren). O diretor transforma o romance, que só ganha uma linha de destaque no livro, num escancarado dramalhão.
Inúmeras tramas paralelas foram solapadas pelas mãos daquele de quem menos se esperava: sim, o próprio escritor Stephen Rebello foi o roteirista, tendo ainda a colaboração de John McLaughlin (Cisne Negro, 2010).
Pelo menos, a direção de arte e a escolha do elenco não decepcionam. A ambientação da década e dos bastidores dos estúdios de cinema estão impecáveis.
As atuações fincam uma harmonia, embora isso seja difícil de acontecer quando se tem um grande time de atores juntos ( o próprio ego dos mesmos e a falta de direção correta costumam atrapalhar o processo).
Mas em ‘Hitchcock’ é diferente. Os atores tiveram a responsabilidade de caracterizar grandes estrelas do passado: Jessica Biel (como Vera Miles), Scarlett Johanssen (Janet Leigh), James D’Arcy (Anthony Perkins), Toni Collete (como Peggy Robertson) e Wallace Langham (Saul Bass, designer que criou os créditos de abertura e os storyboards desse e de outros filmes de Hitchcock).
As atuações fincam uma harmonia, embora isso seja difícil de acontecer quando se tem um grande time de atores juntos ( o próprio ego dos mesmos e a falta de direção correta costumam atrapalhar o processo).
Mas em ‘Hitchcock’ é diferente. Os atores tiveram a responsabilidade de caracterizar grandes estrelas do passado: Jessica Biel (como Vera Miles), Scarlett Johanssen (Janet Leigh), James D’Arcy (Anthony Perkins), Toni Collete (como Peggy Robertson) e Wallace Langham (Saul Bass, designer que criou os créditos de abertura e os storyboards desse e de outros filmes de Hitchcock).
Entretanto, é lamentável que tanta superficialidade tenha ofuscado essas preciosidades e deixado de lado pontos indispensáveis que estão no livro: como foi a concepção da complicada cena da morte no chuveiro (e a polêmica sobre quem realmente a teria filmado: Saul Bass ou Hitchcock), e a condução da famosa e intrigante trilha sonora.
O filme não aprofunda nas dificuldades, dilemas e pressões enfrentadas por Hitchcock para fazer ‘Psicose’. O diretor só pincela, por exemplo, a rejeição sofrida por Alfred em querer transformar Vera Miles numa nova Grace Kelly (esta que também o ‘abandonou’ no auge da fama).
Não dá detalhes sobre o que levou Hitchcock a se interessar pela história, baseada em fatos reais, que inspirou o filme. É a série de assassinatos cometidos por Ed Gein (que também serviu referência para o filme de terror ‘O Massacre da Serra Elétrica’, de 1974). Na trama, o personagem do serial killer só aparece para atormentar o diretor durante seus pensamentos.
Dá pra notar que o livro carrega em si riquezas de detalhes essenciais, que ajudam a entender a força de ‘Psicose’, um divisor de águas nos filmes de suspense e terror. Talvez tivesse sido muito mais vantajoso transformar essa adaptação em uma série para TV.