Quem for esmiuçar o livro Eram Os Deuses Astronautas? provavelmente vai se deparar com o que pode ser considerado por muitos pra lá de estapafúrdio.
O autor Erich Von Däniken defende o fato de que, na pré-antiguidade, teríamos recebido visitas de seres mais evoluídos de outros planetas.
As previsões e os argumentos apresentados ao longo do livro podem até parecer atemporais ou típicos de roteiro de ficção científica, mas, por outro lado, eles abalam muitos dogmas religiosos e acadêmicos.
Alguém pode até estranhar as ideias desse escritor suíço. Mas não se engane, há contextos convincentes e questionadores.
Sua tese é que esses visitantes teriam ajudado a Terra a avançar tecnologicamente e muitas das construções naquela época teriam sido impossíveis de serem realizadas na conjuntura em que se encontravam os nossos povos.
Como explicar a coluna de ferro na Turquia que não se oxida a centenas de anos, o corpo com radiação de cinco milênios encontrado na Índia e as intrigantes construções colossais maias, astecas e egípcias?
São cálculos, dados, mapas e ilustrações que ajudam a emaranhar uma teia de dúvidas, incertezas que a nossa ciência tão pouco consegue achar uma conclusão definitiva. Casos surpreendentes que até hoje estão sem respostas.
Mesmo que isso tudo possa aparecer um pouco confuso em determinados trechos e até mesmo fantasioso demais, Eram Os Deuses Astronautas? é um livro que deve ser levado a sério. E o tem sido por vários anos em círculos restritos.
No entanto, o que mais chama atenção deste trabalho é audácia de não só cutucar a Arqueologia ou Astronomia, e, sim, por trazer uma interpretação dos textos da Bíblia por outra ótica, até mais despretensiosa e muito coerente por sinal.
Faltam vários pedaços nesse quebra-cabeça: a história da infância de Noé remete que ele não era filho legítimo e que tão pouco tinha aparência humana, as passagens bíblicas do Gênese indicam a chegada de veículos com fogo conduzidos por vários deuses, o dilúvio pré-planejado, a explosão nuclear em Sodoma e Gomorra, entre outras indagações.
E em alguns desses trechos há semelhança incrível com a epopeia de Gilgamesh, história contada pelos egípcios bem anteriormente.
Escrito em 1968, esta obra é até entusiasta em acreditar que em 1986 os nossos astronautas já estariam povoando Marte. Infelizmente, não foi só a mentalidade da nossa civilização que não evolui tanto.
Estamos num eterno descompasso e talvez os habitantes lá de fora não estivessem ainda tão interessados em nossa “humanidade”. Vieram aqui, ensinaram e viram que não aprendemos muito?
Mas há de ressaltar o que o autor, parafraseando Thomas Mann, vem com algo irrefutável: o positivo no cético é que ele julga tudo possível.