Não se assuste. E nem precisa ficar revoltado se você for um católico fervoroso. Isso é só uma hipótese.
Remota, eu sei, mas não impossível, não é? Então deixe lhe contar uma história (também uma hipótese) que você vai entender aonde eu quero chegar.
Vamos supor que o mundo todo fosse gay, é isso mesmo, ou melhor, que configurasse no planeta uma imposição da sexualidade homossexual. Mas, como assim?
Vamos imaginar que, de acordo com a Bíblia, os primeiros humanos a habitar a Terra seriam os casais Adão e Ademir, e outro, Eva e Evanilda.
Isso mesmo, dois casais homossexuais. Como então, (você deve estar se perguntando agora), nasceria o resto da humanidade?
Ah, no começo seria um sopro divino, isso não importa, você acredita em tanta coisa, pode muito bem acreditar nisso, não é? Aliás, isso é dogma da Igreja, e pronto acabou.
Vamos supor uma inversão de papéis! Quem seria a minoria ? Os heterossexuais.
Vocês amargariam uma história de muitas repressões. Seriam xingados, humilhados, jogados na fogueira, na câmara de gás, enfim, enfrentariam o preconceito latente na pele.
E, no decorrer dos tempos, imagine se os homossexuais tivessem a mesma postura que, muitos do seu grupo, tantos héteros ou gays enrustidos tiveram.
Já imaginou, você, um homem hétero, sentado na sala de aula, olhando aquela garota gostosa e não poder chegar perto dela?
Imaginou como seria difícil você ter que repreender seus sentimentos, por exemplo, dentro de uma sorveteria, bar, boate e restaurante? Não poder abraçá-la, beijá-la, enfim, trocar carícias como qualquer outro casal de namorados?
Lógico, que você não poderia fazer isso, as outras pessoas (homossexuais) ficariam olhando vocês com cara de nojo.
Aliás, vamos supor que vocês não aguentassem ficar enclausurados por muito tempo e começassem a se rebelar, pois, para piorar a situação, surge uma doença por aí, que as pessoas dizem que se espalhou por causa de vocês, hein!
Então, vocês, heterossexuais iniciariam passeatas e mobilizações. Ao irem para as ruas, protestarem a favor dos seus direitos, vocês levantariam a bandeira rosa e azul.
Mas viria um papa que acabaria com uma luta de 60 anos ao dizer que vocês são abomináveis, que isso tudo seria contra as leis de Deus. Pronto, tudo iria por água abaixo.
Num tal país, com uma população considerada um grande rebanho católico, precisaria de uma novela que mostrasse um casal heterossexual em pleno horário nobre (apesar das inúmeras tentativas em outras novelas, rejeitadas pelo público anteriormente).
O tema iria causar o maior alvoroço, começaria a ser discutido até em programas de auditório nos domingos.
E, por outro lado, vocês ficariam revoltados com a imprensa, por ela ter dado pouco espaço a um fato revolucionário: um bando de gays são agredidos dentro de um ônibus por terem insultado heterossexuais.
Também surgiria um outro programa, na sua quinta edição. Nele um rapaz confinado se declararia abertamente heterossexual.
Ele começaria a enfrentar preconceito dos homossexuais dentro deste reality show.
Mas vocês, unidos, votariam nesse moço para ele ficar na casa. Como diz um amigo meu, com certeza o papa, ao assistir ao programa, tremeria a mão para clicar no mouse e votaria para que o indivíduo não ficasse no programa.
Passaria um tempo, e esse papa morreria. Então, entrava outro. Menos carismático, com um passado que cheira a enxofre nazista e fiel defensor contra as leis da união heterossexual.
Esse mesmo papa faria sua primeira visita ao Brasil. Um mega visita por sinal.
Toda população homossexual iria para as ruas, participar do showmício católico.
E vocês? Mais uma vez iriam se mobilizar, escrever carta de repúdio a visita deste papa, queimar bonecos caricatos que remetem a santa imagem deste dogmático inquisidor apostólico romano.
Então, como se sentiria se o papa fosse gay?