É possível que uma liderança estimule e promova situações que possam causar insanidade e até mesmo agressividade física e mental no ambiente de trabalho? Sim, é possível, de acordo com Alessandra Assad, escritora, jornalista, estudiosa do tema e autora do livro “Liderança Tóxica: você é um líder contagiante ou contagioso?”.
Segundo ela, uma liderança tóxica é capaz de gerar uma toxina que causa dor de qualquer tipo, seja ela física ou psicológica. Para ela, o que transforma a dor emocional alheia em toxicidade é a resposta dada à dor. Uma resposta que foca muito mais no aspecto nocivo e não curativo. “Gastrite, pressão alta, crises de ansiedade, depressão, Síndrome do Pânico, queda de cabelo e Síndrome de Burnout viraram sintomas corriqueiros de pessoas que estão passando por certas dores”, alerta a escritora.
Alessandra reforça também que grande parte dessas dores vêm de um estilo de gestão abusivo ou permissivo. Nesse ponto, a permissividade diz respeito a líderes que fazem vista grossa para subordinados com comportamentos negativos, comprometendo os demais colegas, e líderes que não questionam políticas irracionais das empresas.
Para Thiago Sant’Anna da Silva, gerente da área de HUMIT (Inteligência Humana), da consultoria Aliant, ambientes de trabalhos tóxicos ainda são comuns e têm efeitos comprometedores, que impactam, inclusive, as famílias dos colaboradores, pois os prejuízos na saúde mental vão além do horário comercial.
No artigo “O que é um ambiente de trabalho tóxico?”, Thiago destaca que a deterioração das relações interpessoais é o primeiro sintoma de intoxicação social que se amplia gradativamente: “Um ambiente tóxico é contexto ideal para a evolução de chagas mais graves: racismo, assédio sexual, misoginia, burnout, abuso de poder. De forma consciente ou não, a pessoa percebe o perigo para si que existe neste cenário”.
Reações aos ambientes tóxicos
Thiago aponta que, diante de situações tóxicas, existem quatro reações humanas naturais. Elas são conhecidas como os 4 F’s: Fight, Flight, Freeze, Faint, ou seja, Lutar, Fugir, Congelar, Desfalecer.
“Quanto trabalhamos em um ambiente tóxico, já saímos de casa antecipando que o dia será difícil, e nosso corpo já começa a emitir os sinais fisiológicos de estresse. Além disso, durante o dia, atitudes e situações desagradáveis pioram o quadro, elevando a pressão interna. Este contexto esgarça o tecido das relações entre as pessoas, favorecendo a quebra dos mais básicos princípios da ética. Quando as ações aversivas agudas finalmente emergem, as reações não são mais racionais, e a bomba explode em algum lugar.”
Há luz no fim do túnel? Sim. Thiago aponta que é possível reconfigurar o cenário contaminado por um ambiente tóxico. Para ele, as lideranças precisam construir uma comunicação transparente entre seus colaboradores e disseminar conhecimento sobre temas sensíveis, problemáticos e considerados tabus. Já Alessandra Assad ressalta que o papel do líder é fundamental, seja numa empresa saudável ou tóxica. “Quando líderes reconhecem a ocorrência da dor emocional e intervêm, conseguem reverter situações potencialmente letais no ambiente de trabalho”, aponta.
Saiba mais:
Livro: Liderança Tóxica: você é um líder contagiante ou contagioso? Descubra o que a neuroliderança pode fazer por você.
Podcast Caos Responde: Episódio 1 – Histórias de Líderes Tóxicos