Foto: reprodução série The Office.
Quase 500 mil trabalhadores pedem demissão por mês no Brasil. Os dados são do instituto Lago Data e chamam atenção para um cenário preocupante num país com mais de 12 milhões de desempregados e quase 39 milhões de profissionais que atuam na informalidade.
A tendência crescente dos pedidos de demissão não se remete apenas aqui. Os EUA vêm enfrentando a mesma situação. Lá, mais de 7,5 milhões de pessoas fizeram o mesmo movimento de sair das empresas em busca de outras oportunidades. O perfil destes trabalhadores também se assemelha com os daqui: jovens com menos de 30 anos e que estão no setor de serviços.
A pesquisa da Lagom Data revelou também que, em um ano, os pedidos de demissão representaram uma rotatividade de 15% nas vagas com carteira assinada.
Como fica o mercado de trabalho diante desta mudança? Segundo esta matéria publicada no jornal Estado de Minas, há riscos inclusive para a produtividade. Mas esse é um novelo de lã a ser desenrolado com o passar dos anos, já que deve-se considerar outros fatores, como os impactos da automação, da robotização, do fenômeno da ‘’uberização’’ e da precarização das relações de trabalho, entre tantos outros.
Diante disso, o blog traz dicas de alguns filmes e séries que ajudam a entender como a noção de trabalho vem mudando ao longo do tempo e os diversos cenários das nossas relações num ambiente onde passamos a maior parte do tempo das nossas vidas (90.000 horas, conforme aponta o livro “Felicidade no Trabalho”, de Srikumar Rao). Vamos lá?
Tempos Modernos – dir. Charles Chaplin (1936)
Um clássico do cinema-mudo nas mãos do icônico e controverso Charles Chaplin, que dirige e atua no longa-metragem. O filme acompanha o dia a dia repetitivo de um operário numa fábrica. Devido a uma crise nervosa, ele acaba sendo despedido e tem a vida virada do avesso ao ser confundido com um manifestante comunista. Onde assistir: Looke, Telecine, Globoplay, Pluto TV e YouTube. Classificação indicativa: Livre.
Nomadland – dir. Chloé Zhao (2020)
Ganhador de três Oscars, nas categorias melhor filme, direção (Chloé Zhao) e atriz (Frances McDormand), Nomadland narra a vida de uma mulher de 60 anos, que após perder tudo na Grande Recessão, passa a lidar com a “precarização” do trabalho e entra numa viagem de autoconhecimento ao viver como uma nômade moderna. Onde assistir: Star+. Classificação indicativa: 12.
A indústria americana – dir. Julia Reichert e Steven Bognar (2019)
A precarização do trabalho também é tema deste longa-metragem, ganhador do Oscar na categoria melhor documentário. Junto disso, entra o choque de culturas entre o “american way of life” e o modo de vida chinês diante dos efeitos de um mundo globalizado e em crise. Onde assistir: Netflix. Classificação indicativa: 12.
Estou me guardando para quando o carnaval chegar – dir. Marcelo Gomes (2019)
Neste documentário, acompanhamos a vida dos moradores de Toritama, cidade do interior de Pernambuco, considerada um centro ativo do capitalismo local, com mais de 20 milhões de jeans produzidos em fábricas caseiras anualmente. Trabalhando sem parar, eles acreditam encontrar no feriado do carnaval uma oportunidade de descanso. Uma crítica ácida à cultura do empreendedorismo. Onde assistir: Netflix. Classificação indicativa: 12.
The office – nove temporadas (2005)
A vida banal num escritório é o fio condutor dessa série, considerada um clássico. A adaptação norte-americana manteve a essência do seriado britânico, destacando-se pelo humor crítico e o formato de pseudodocumentário. Onde assistir: HBO Max e Star+. Classificação indicativa: 14.
Abercrombie & Fitch: ascensão e queda – dir. Alison Klayman (2022)
Este documentário traça um panorama de uma das grifes de luxo que fez sucesso nos anos de 1980 e 1990. Mas, no entanto, uma crise em 2006 expôs como era a política interna da empresa que oprimia os funcionários, disseminando casos de racismo, discriminação e abuso sexual. Onde assistir: Netflix. Classificação indicativa: 14.
Severance – criação Dan Erickson (2022)
Essa série de ficção científica traz uma das reflexões mais profundas sobre o mundo corporativo. A trama gira em torno das Indústrias Lumen, em que um programa é usado para separar as memórias dos trabalhadores. Onde assistir: Apple TV. Classificação indicativa: 16.
Sucesso a qualquer preço – dir. James Foley (1992)
A história relata a saga de quatro corretores de imóveis que fazem de tudo para sobreviver diante da instabilidade da economia dos EUA. Uma forte crítica ao capitalismo. O longa-metragem traz grandes nomes como Al Pacino, Alec Baldwin, Jack Lemmon, Kevin Spacey, Ed Harris e Jonathan Price. Onde assistir: Oldflix. Classificação indicativa: 14.
O diabo veste Prada – dir. David Frankel (2006)
Anne Hathaway e Meryl Streep protagonizam este filme que aborda diversos temas, entre eles a liderança, o papel da mulher no universo corporativo, o conflito de gerações no trabalho e o propósito na carreira profissional. O mundo da moda e o jornalismo são apenas os fios condutores dessa jornada reflexiva. Onde assistir: Star+. Classificação indicativa: livre.
Um senhor estagiário – dir. Nancy Meyers (2015)
Mais uma produção estrelada pela atriz Anne Hathaway. Neste longa-metragem, o conflito de gerações no trabalho é vivenciado pelo personagem interpretado por Robert De Niro, um homem de 70 anos que passa a atuar como estagiário numa agência de moda on-line. Onde assistir: HBO Max, Microsoft, Amazon Prime, Google Play e Apple TV.
Como enlouquecer seu chefe – dir. Mike Judge (1999)
Um programador de computadores que está infeliz no emprego, após uma sessão de hipnose, muda de comportamento e passa a não cumprir as tarefas do trabalho. Sua rebeldia começa a ser vista com outro olhar por especialistas em produtividade durante uma onda de demissão. Onde assistir: Star+. Classificação indicativa: livre.
O que você faria (El Método) – dir. Marcelo Piñeyro (2005)
Concorrência, ganância, ambição. Tudo isso está resumido nesta trama, que aborda a disputa entre sete candidatos por uma vaga numa multinacional em Madrid. Sem saber que estão sendo observados, eles vivenciam uma série de testes que deixam todos com os nervos à flor da pele. Onde assistir: Netflix. Classificação indicativa: 18.
A fuga das galinhas – dir. Peter Lord e Nick Park (2000)
Uma animação que proporciona muitas risadas mas, que por trás da vertente cômica, traz uma crítica mordaz contra a opressão no ambiente de trabalho. Onde assistir: Apple TV, Netflix, Claro Video e Google Play. Classificação indicativa: livre.
E aí? Sentiu falta de mais algum filme ou série sobre o mundo do trabalho? Deixe as dicas nos comentários.