Atualmente, o ato de ir à urna e escolher representantes políticos pode até parecer corriqueiro para muita gente, não é mesmo? No entanto, há 90 anos, esse direito se tornou um feito histórico para as mulheres no Brasil.
E não é pra menos. A data 24 de fevereiro de 1932 marca a conquista do voto feminino no território nacional. No entanto, uma das primeiras tentativas de assegurar esse direito às mulheres foi em 1891 e, mesmo assim, de maneira restrita, como aponta o site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE):
“…às mulheres diplomadas com títulos científicos e de professora, desde que não estivessem sob o poder marital nem paterno, bem como às que estivessem na posse de seus bens.”
Na época, a proposta de emenda à Constituição prevendo essa mudança foi rejeitada. No Congresso, os argumentos daqueles que eram contra remetiam:
“a dissolução da família brasileira”.
“que a mulher não possuía capacidade, pois não tinha,‘no Estado, o mesmo valor que o homem’”.
“A mulher pode prestar o serviço militar, pode ser soldado ou marinheiro?”
“A proposta do voto feminino era ‘anárquica, desastrada, fatal’”.
Tempos depois, o voto feminino tornou-se constitucional em 1934.
A primeira eleitora
Para se ter uma ideia, a primeira eleitora brasileira foi a professora Celina Guimarães, de Natal (RN). Ela se alistou quando entrou em vigor uma lei do Rio Grande do Norte que não distinguia o sexo para exercer o direito ao voto. Aliás, foi o primeiro estado a assegurar esse direito, em 1927.
Aproveitando a ocasião, Celina fez uma petição solicitando sua inclusão na lista de eleitores, o que acabou sendo aprovado por um juiz. Dali em diante, ela incitou um movimento político no Senado para que todas as mulheres tivessem o mesmo direito,
Sua inscrição eleitoral se tornou um marco e ganhou os holofotes em vários países, pois, inclusive, ela foi também a primeira eleitora da América Latina.
O voto feminino no mundo
Pode até parecer um avanço tardio no Brasil, mas, em outros países, como França e Suíça, o voto feminino foi conquistado em 1944 e 1971, respectivamente. Por outro lado, a Nova Zelândia já tinha dado os primeiros passos ao conceder esse direito às mulheres em 1893.
No início do século XX, ele foi ganhando o mundo com o avanço do movimento político organizado pelas mulheres na Grã-Bretanha e Estados Unidos.
Atuação política além do voto
Vale lembrar que o voto é uma importante ferramenta política. Mas ele não é suficiente na conquista de espaços, direitos e no cumprimento dos deveres, como revela o texto “28 formas de exercer a cidadania além do voto”, do portal Politize.
Além disso, o cinema também pode ajudar nessa missão com produções que revelam um pouco mais dos bastidores da luta do voto das mulheres e seus papéis políticos na vida cotidiana.
Diante disso, o blog do Uno separou algumas dicas para estimular reflexões sobre diversas circunstâncias em que as mulheres se destacam por suas atuações fundamentais como cidadãs na sociedade.
Mulheres Divinas (2017) – dir. Petra Biondina Volpe
Em 1971, na Suíça, uma jovem dona de casa vive numa aldeia com os filhos e o marido. Sua vida muda totalmente quando começa a fazer campanha pelo direito de voto das mulheres. Disponível: Locke e Apple TV. Classificação etária: 14.
A fonte das Mulheres (2011) – dir. Radu Mihăileanu
Leila é uma entre tantas mulheres que buscam água em um manancial muito distante de casa, num povoado localizado entre o norte da África e o Oriente Médio. Tudo toma outro rumo quando ela lidera uma greve de sexo das habitantes do lugar, para forçarem os homens a realizarem o trabalho. Disponível: YouTube. Classificação etária: 14.
Chiraq (2015) – dir. Spike Lee
A greve de sexo de mulheres também é o fio condutor desse drama e musical dirigido pelo conceituado diretor Spike Lee. O movimento político tem como objetivo fazer com que os homens de gangues rivais larguem as armas numa Chicago tomada pela onda de violência urbana. Classificação etária: 16.
As sufragistas (2015) – dir. Sarah Gavron
Com grande elenco como Meryl Streep, Carey Mulligan e Helena Bohan Carter, o filme narra o início do movimento feminista. É baseado em fatos verídicos. Disponível: Google Play, Globoplay, Star+ e Apple TV. Classificação etária: 14.
Revolução em Dagenham (2010) – dir. Nigel Cole
A trama gira em torno da greve nas fábricas da Ford, em 1968, onde as mulheres protestaram contra a discriminação sexual e por igualidade salarial. Disponível: Google Play e Apple TV. Classificação etária: 16.
Feministas: O que elas estavam pensando? (2018) – dir. Johanna Demetrakas
Por meio de fotos dos anos 1970, a diretora Johanna Demetrakas revela história de vidas de mulheres que refletem mudanças culturais expoentes do movimento feminista e como isso impacta nos dias de hoje. Disponível: Netflix. Classificação etária: 14.
O Pessoal é Político (2017) – dir. Vanessa de Araújo Souza
O documentário narra a Segunda Onda Feminista no Brasil, com foco entre 1975 e 1985, período instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) como a Década Internacional da Mulher. Disponível: Tamanduá TV. Classificação etária: 16.
E você? Indica outros filmes que não podem faltar nessa lista? Deixe suas sugestões nos comentários.
Para se aprofundar mais no tema, acesse o site #ParticipaMulher, criado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O portal traz homenagens às mulheres que fizeram e ainda fazem história na vida política e na Justiça Eleitoral.