No mês que homenageia a força feminina, o blog do Uno segue com a série especial, trazendo um pouco da biografia e indicação de obras literárias de algumas autoras importantes na história.
Já parou para pensar em quantos livros escritos por autoras você já leu? E parou para imaginar que, ao longo da história, poucas escritoras conseguiram ser premiadas por suas obras?
Só para se ter uma ideia, das 117 pessoas que já receberam o Prêmio Nobel de Literatura, apenas 16 foram mulheres. A última foi a poetisa estadunidense Louise Glück, em 2020.
Agora, o que dirá se pararmos para analisar o universo de um gênero literário que, frequentemente, é atribuído aos homens: a ficção científica?
Origem da ficção científica
A origem do gênero literário é tão controversa quanto a resposta para a pergunta: quem nasceu primeiro? O ovo ou a galinha? Há muito tempo se acreditava que a ficção científica tinha berço nas páginas dos autores Júlio Verne (“20.000 Léguas Submarinas”), H. G. Wells (“A Máquina do Tempo”) ou Mary Shelley (“Frankenstein”).
Para Adam Roberts, autor do livro “A verdadeira história da ficção científica – do preconceito à conquista das massas”, a ficção científica teria se originado bem antes, seja nas histórias das novelas gregas antigas, no século XVII, ou até mesmo na Reforma Protestante, conforme explica essa matéria. O termo ficção científica passaria a ser usado e a se popularizar nas pulp magazines, revistas de baixo custo reproduzidas no início do século XX.
Por que ler ficção científica
Primeiramente, é necessário entender o que é ficção científica. Ela diz respeito a histórias inventadas que trazem uma variedade de elementos como aliens, ovnis, robôs, computadores, empreitadas tecnológicas e biológicas e, também, futuros possíveis para a humanidade.
Muitas obras, inclusive, chegaram a antecipar inovações no transporte, armas de guerra, viagens espaciais e até mesmo a internet e a inteligência artificial. Por exemplo, Júlio Verne previu, de certa forma, a tecnologia que resultaria no submarino.
“A ficção científica, enfim, realiza a proeza de refletir as preocupações da época em que é escrita, e, ao mesmo tempo, antecipa situações e possibilidades do futuro – situações que, com frequência, se transformam em realidade”.
Revista Superinteressante
Atualmente, algumas empresas fazem uso do design fiction (design especulativo), uma metodologia que utiliza as projeções da ficção científica para criar protótipos, instalações e artefatos para os seus empreendimentos, produtos e serviços. Mas não é necessário ser um especialista nessa área para aproveitar as vantagens desse gênero literário, que pode ajudar nas seguintes tarefas:
- Sair da zona de conforto mental e pensar fora da caixa.
- Exercitar a imaginação e a criatividade.
- Estimular a reflexão e a visão sistêmica.
- Aventurar-se num mundo de possibilidades.
As mulheres na ficção científica literária
Reprodução: internet
Mary Shelley (1797-1851)
Mary Shelley é autora de“Frankenstein”, uma das obras-primas precursoras da ficção científica. Ela começou a escrever o livro aos 19 anos, que foi publicado em 1818. No entanto, as primeiras edições não traziam o nome da escritora, já que mulheres eram consideradas pouco rentáveis no ramo literário. A história é carregada de dilemas entre ciência e humanidade e gira em torno de um cientista que descobre uma maneira de reativar tecidos mortos para criar uma vida artificial.
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Virginia Woolf (1882-1941)
Virginia Woolf é uma escritora inglesa que se destaca na ficção científica ao publicar “Orlando: uma biografia”. O livro narra a trajetória de um personagem aristocrata que vive por mais de 300 anos, alternando o sexo biológico e permanecendo como figura andrógina em várias fases da vida. A obra traz projeções entre a época vitoriana e o século XX.
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Thea von Harbou (1888 – 1954)
Thea von Harbou escreveu “Metropolis” que serviu de inspiração para o filme homônimo dirigido pelo seu marido e cineasta Fritz Lang. Ambas as obras são referências para ficção científica e robótica. Harbou aborda a exploração das relações de trabalho numa cidade futurista e mecanizada. Seu legado teria caído no esquecimento, devido a sua relação com o partido nazista na Alemanha.
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Mari Wolf
Ela é considerada a mãe da palavra “droid”, ao usá-la como referência a robôs, e foi uma das mais influentes escritoras de ficção científica na década de 1950, mesmo com uma trajetória literária curta. Seus contos podem ser lidos por meio do Projeto Gutenberg, pois as obras estão em domínio público, devido à não renovação de direitos autorais. Dois contos, traduzidos para o português, pela blogueira e professora Lady Sybylla, estão disponíveis no formato PDF: “Robôs do mundo, ergam-se” e “Garrafa vazia”.
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Marion Zimmer Bradley (1930-1999)
A quadrilogia “Brumas de Avalon” é uma das suas obras famosas e ganhou uma adaptação cinematográfica em 2001. Junto da esteira de seus best-sellers está também “Darkover”, série de 47 livros de ficção científica (incluindo 12 antologias). No entanto, mesmo com o sucesso, a escritora ficou marcada por uma vida pessoal controversa, devido aos casos de abuso sexual relatos pela filha, após a sua morte.
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Ursula K. Le Guin (1929 – 2018)
Ela é autora de mais de 100 obras traduzidas para 42 idiomas, como romances, contos e livros infantis. Não é à toa que é uma das escritoras norte-americanas mais renomadas, inclusive quando o assunto é ficção científica feminista. Ursula K. Le Guin rompeu paradigmas ao abordar gênero, sexualidade e política nas suas histórias. O seu livro mais famoso é a “A Mão Esquerda da Escuridão”, sobre seres de outro planeta que são ambissexuais, ou seja, não têm sexo definido.
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Octavia Butler (1947 – 2006)
A ambiguidade sexual também foi tema de outra escritora referência em ficção científica. Octavia Butler se aventurou ainda mais longe e trouxe a questão racial para dentro do gênero, até então focado apenas em personagens de pele clara. O sucesso literário veio tardio, depois da sua morte. Um dos seus livros mais conhecidos, “Filhos de Sangue” é um romance sobre viagens no tempo e homens grávidos.
Foto: Jordi Cotrina
N. K. Jemisin
O caminho aberto por Octavia Butler permitiu fenômenos literários como N.K. Jemisin, aliás, é uma declarada seguidora. Ela também aborda o racismo e conflitos políticos e culturais nas suas obras de ficção científica e fantasia. “Quinta Estação” e a trilogia “O Portão do Obelisco” ganharam o prêmio Hugo, referência da literatura.
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Suzanne Collins
Seus livros já venderam mais de 85 milhões de cópias mundialmente. A origem desse sucesso se deve à trilogia “Jogos Vorazes”, que foi adaptada para os cinemas em quatro partes. A história se passa num mundo pós-apocalíptico, em que jovens são recrutados para um reality show violento e são forçados a lutarem entre si até a morte. O vencedor, além de ganhar fama, leva benefícios para a região onde vive.
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Veronica Roth
Acompanhando o sucesso de “Jogos Vorazes”, uma outra saga sobre um futuro distópico também ganhou adaptação para os cinemas. Os três volumes “Divergente”, “Insurgente” e “Convergente”, de Veronica Roth, trazem, como pano de fundo, uma sociedade dividida em castas, numa Chicago futurista.
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Margaret Atwood
Sua obra mais famosa, The Handmaid’s Tale (O Conto da Aia), foi adaptada para televisão. A distopia sobre mulheres que são transformadas em servas num regime autoritário é um dos seriados mais premiados da atualidade. A escritora canadense, de 80 anos, tem na bagagem literária poemas, livros infantis, contos e histórias em quadrinhos.
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Hiromu Arakawa
Outra escritora que também teve sua obra adaptada para TV é a japonesa Hiromu Arakawa. Ela é uma mangaká, quadrinista de mangás. “Fullmetal Alchemist” é um dos seus trabalhos mais conhecidos. A história gira em torno de dois irmãos, que estão em busca da pedra filosofal, para restaurar seus corpos, após um acidente fatal, numa tentativa de trazer a mãe de volta à vida.
E você? Conhece mais alguma autora de ficção científica que deveria fazer parte dessa lista? Deixe sua resposta nos comentários.