Quem lembra da animação “Corrida Maluca (Wacky Races), da produtora Hanna-Barbera, que se tornou a sensação da garotada nas décadas passadas? A história girava em torno de vários personagens que usavam carros pra lá de estilosos e irreverentes, com objetivo de alcançar o pódio.
No entanto, o desenho nunca teve um vencedor oficial. Mas, segundo o site Mundo Estranho, comparando com a pontuação da Fórmula 1, o primeiro lugar coube aos Irmãos Rocha (Carro de Pedra), com 264 pontos.
Independentemente das posições de cada um, vale refletir: qual combustível em comum entre eles deu o impulso a resultados tão promissores?
Entre os 11 carros da competição, separamos alguns competidores que conquistaram os primeiros lugares em determinados momentos e que chamam atenção por um tipo de comportamento específico.
Os irmãos Rocha sempre aperfeiçoaram seu carro, utilizando os próprios recursos. Eles usavam os bastões que carregam a tiracolo. Outra estratégia deles é usar essa ferramenta também para dar uma força pro motor. Detalhe: o veículo era uma pedra gigante com rodas.
Um vampiro roxo e um gigante, semelhante ao Frankenstein, venceram três vezes a “Corrida Maluca”. A dupla dirigia o carro “Coupé Assombrado”. Pasme: os Irmãos Pavor levavam consigo um castelo da Transilvânia na parte de trás do veículo. E não faltavam outras companhias como fantasmas, morcegos e até um dragão que tinha a missão de ajudar a “acelerar” o veículo.
Outro competidor que tem, no currículo, três vitórias é o Professor Aéreo, que lembra bastante um personagem de outro desenho, o Professor Bugiganga. Tal semelhança é porque ambos criavam e usavam inúmeras ferramentas para “se virarem nos 30”. Seu veículo, o Carro Mágico, poderia se transformar em qualquer coisa, se adaptava facilmente a qualquer ambiente e, de quebra, ajudava outros competidores no sufoco.
Além dessas habilidades, todos esses personagens trazem consigo um senso de accountability. A palavra não tem uma tradução exata para o português, mas, segundo Julia Gianzanti, psicóloga que abordou o tema numa dissertação de mestrado, accountability é a capacidade de reconhecer e assumir seus comportamentos e impactos nas situações nas quais está envolvido (a) e gerar as soluções e mudanças necessárias a partir de si mesmo (a)”.
Apesar de haver uma vertente que adota o termo para se referir a um método de controle interno e à prestação de contas, a visão sobre accountability vai muito mais além, pois consiste no compromisso de líderes e liderados em assumirem seus atos, com integridade, transparência, responsabilidade e protagonismo.
Por isso Accountability também faz parte da ética. Para Julia, esta é a base da accountability, uma vez que discurso e prática precisam gerar a coerência e confiabilidade em suas ações.
“O certo é certo, mesmo que ninguém o faça.
O errado é errado, mesmo que todos se enganem sobre ele”.
G. K. Chesterton – escritor e filósofo (1874-1936)
Voltando ao desenho “Corrida Maluca”, alguns personagens se destacaram pelo protagonismo, outros por apostarem num outro caminho, como o vilão Dick Vigarista. Ele gastava boa parte do tempo em boicotar seus concorrentes ao longo da jornada. O resultado? Nunca venceu uma corrida. Será que ele sabia que, na verdade, sabotava a si próprio?
Botando a mão na massa
Quais os caminhos para desenvolver o senso de accountability? A liderança tem um papel importante nessa história. Lembra dos Irmãos Pavor com o Carro Mal-Assombrado? Exemplo certeiro em liderar uma equipe com vários tipos de integrantes que cabiam no veículo.
De acordo com Julia, gestores e gestoras precisam saber a diferença entre delegar e empoderar. A psicóloga afirma que empoderar é desenvolver e dar poder aos colaboradores. “Eu te dou o desafio, você me traz a solução e a decisão. Não adianta dar autonomia e não dar poder de decisão”, enfatiza.
E, segundo ela, os colaboradores precisam estar conscientes a respeito das próprias atitudes como:
Comportamentos accountables (coisas que acontecem por sua causa):
- Fazer acontecer;
- Encontrar soluções;
- Assumir responsabilidades;
- Reconhecer a realidade.
Comportamentos vitimistas (coisas que acontecem com você):
- Sentar e esperar;
- Justificar;
- Culpar os outros;
- Isentar-se.
Então, agora você já sabe que “ser accountability” é ser protagonista dos próprias atos e fugir do vitimismo dentro das organizações. O que você tem feito para buscar e reforçar esse comportamento dentro da sua empresa? Além do mais, você tem tido o cuidado para não se tornar o Dick Vigarista de si mesmo?