Como brancos podem ser aliados da comunidade negra? Essa pergunta pertinente tomou força, em rodas de debates, principalmente, após os protestos decorrentes da morte de George Floyd, nos EUA.
No entanto, um texto de 2017 traz respostas ainda bastante atuais para essas questões. Ele foi escrito pela compositora e contadora de histórias Courtney Ariel para o site So Journers Maganize. Confira o resumo do artigo:
Ouça mais
Fale menos. Para Courtney, pessoas brancas sempre tiveram o microfone durante a maior parte do tempo. Então, ela aconselha entregá-lo para alguém que esteja vivendo uma experiência diferente. Isso inclui o poder de voz nas redes sociais.
Evite o Whitesplanning
Courtney aconselha a resistir à necessidade de responder, com uma visão melhor ou diferente, sobre algo que você ouviu ou leu, quando o tema diz respeito à comunidade negra. Esse tipo de comportamento excessivo se configura como “Whitesplaining“. Termo que traz a junção de duas palavras em inglês “white” (branco) e “explaining” (explicação). Seria como “Branco explica” numa linguagem mais popular. Isso aumenta o silenciamento das vozes de pessoas de cor, aponta Courtney.
Ser aliado x não ser racista
Ser aliado é diferente de simplesmente querer não ser racista. Para Courtney, ser um aliado exige que você se eduque sobre o racismo estrutural. Ela inclusive dá dicas de leituras: A Nova Segregação – Racismo e encarceramento em massa, de Michelle Alexander; Entre o mundo e eu, de Ta-nehisi Coates e Citizen, de Claudia Rankine. Courtney ainda completa: “Use sua voz e influência para conduzir as pessoas que andam ao seu lado na vida real (ou seguem você na internet), em direção à voz de alguém que vive uma experiência marginalizada e desprovida de privilégios”.
Vá devagar com a sua indignação
Evite dizer: “Não acredito que algo assim aconteceria nos dias de hoje!”. Para Courtney, pessoas de cor estão cientes desse tipo de ódio e violência há séculos. Isso pode aparentar que você viveu indiferente a tudo isso.
Pesquise e depois pergunte
É compreensível que pessoas marginalizadas não queiram dar mais explicações sobre suas condições, pois viver assim é exaustivo. Ela ressalta:“…não espere que as pessoas o eduquem. Faça o trabalho para se educar”. Atente-se: as perguntas devem ser feitas com respeito e em relacionamentos de mútua confiança.
Pare de falar sobre color blindness
Color blindness é “quando a maioria dos homens brancos não vê cor alguma, apenas pessoas”. Entenda mais sobre o tema, aqui. Para Courtney, o color blindness é totalmente impossível em uma nação que tomou a terra dos indígenas, escravizou humanos, e que, hoje, explora imigrantes e persegue LGBTQs. E, ainda, permite que racistas anti-semitas usem suástica e tenham plataformas para disseminar ódio. “Nunca será possível sermos color blindness, e nunca deveríamos querer ser”.
Outras atitudes
Courtney aponta outra ações práticas:
- forneça uma refeição ou abrigo;
- ouça e use sua área de especialização para ajudar alguém que precise dessa experiência;
- liberte um manifestante da prisão ou pague o aluguel da família por um mês (se você tem os recursos para fazê-lo);
- participe de passeatas e manifestações com pessoas marginalizadas, ao lado de outros defensores.
E vale uma última dica:
“Você vai cometer erros. Mas continue tentando. Tenha compaixão. Lidere sempre com empatia. Continue aprendendo e crescendo. Se você fizer isso, acredito realmente que fará o trabalho de um aliado. Lembre-se de que o autocuidado é extremamente importante. Cuide-se e proteja sua energia, antes de tentar cuidar de mais alguém.
Para ler o artigo na íntegra (em inglês), clique aqui: For Our White Friends Desiring To Be Allies.
*Foto: Andrea Piacquadio