As fake news (informações falsas) vêm ganhando peso em um cenário fértil para armazenamento e compartilhamento de dados e informações na sociedade atual.
O volume de dados dobra a cada dois anos e chega a ser maior do que a quantidade produzida em toda a história. Só no Google, a humanidade faz cerca de 40.000 consultas por segundo, o que corresponde a 3,5 bilhões de buscas por dia e 1,2 trilhão por ano.
Outro fator é que as fake news se alastram de uma maneira muito mais rápida. É um poder de disseminação 70% mais forte do que as informações verídicas, de acordo com uma pesquisa do Massachusetts Institute of Technology (MIT).
O levantamento também revelou que as informações verdadeiras têm o alcance médio de mil pessoas. Já os boatos considerados “populares” podem atingir até 100 mil.
Calibre pesado
E há mercado que ganha com isso. Segundo Gilberto Scofield Jr., da Agência Lupa, atualmente, grupos operam via algoritmo das redes sociais para derrubar uma marca, um político, um partido, estimular um plebiscito (no caso do Brexit) ou influenciar uma eleição. E um ambiente de medo e raiva turbinam a desinformação muito facilmente.
Aliás, as fake news estão também mudando de estratégias num piscar de olhos. Hoje já se falam em deepfakes, que é a divulgação de vídeos falsos, editados por meio do machine learning e da inteligência artificial.
E é nesse cenário fértil, que as fake news causam um estrago enorme e, muitas vezes, o resultado é irreversível, tanto para imagem de uma empresa quanto de uma pessoa.
Um estudo da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberj), que teve a participação de 52 organizações, aponta que:
- 85% das empresas se preocupam com o tema;
- 67% das corporações não incluem fake news em assuntos estratégicos;
- 20% dizem ter um departamento para lidar com a situação ou acompanhar publicações falsas.
Viés de confirmação
O viés de confirmação é o processo em que buscamos reafirmar as nossas próprias certezas. Ele é um prato cheio dentro do cardápio oferecido pelas fake news.
E como ocorre? Quando, ao recebermos uma mensagem, que reforça as nossas crenças, não checamos a fonte ou a veracidade, e passamos adiante a informação em grupos de WhatsApp, por exemplo.
Nesse terreno, as fake news também ganham mais força entre pessoas que não têm capacidade de se desvencilhar de armadilhas noticiosas dentro do internet.
Por isso é essencial alguns passos na hora de receber uma notícia, para reconhecê-la ou não como uma fake news.
As orientações a seguir são da Federação Internacional das Associações e Instituições Bibliotecárias (IFLA – sigla em inglês), entidade fundada na Escócia. Foram traduzidas no manual Tudo sobre fake news, da CDI Comunicação e Marketing. Confira:
- Considere a fonte: navegue e analise outras matérias e postagens do site para entender seu objetivo e tipo de conteúdo publicado.
- Leia além do título: os títulos são feitos para chamar a atenção e ganhar visualizações. Mas questione sempre: qual é a história completa?
- Cheque o autor: faça uma rápida busca e verifique se o autor do conteúdo existe e se é confiável.
- Veja se o texto tem algum hyperlink: se sim, clique nestes links e avalie se eles estão realmente relacionados à história contada e se dão respaldo ao texto.
- Confira a data da publicação: antes de compartilhar uma notícia antiga, veja se ela ainda é relevante e atual.
- Indague se é uma piada: se a notícia for muito absurda, pode se tratar de uma sátira ou paródia. Pesquise o site e o autor para ter certeza do objetivo da publicação.
- Reveja seus preconceitos: avalie se suas crenças podem estar afetando o seu julgamento.
- Consulte especialistas: confirme a informação com fontes independentes, instituições e sites voltados à checagem de notícias.