Quem nunca se sentiu nessas situações, não é mesmo? Memes à parte, esse cenário é tão mais comum do que se imagina. Veja só: 77,9% dos consumidores fecharam o ano de 2022 com alguma dívida a vencer. É o quarto recorde consecutivo, diz o levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), conforme divulgado nesta notícia.
Ainda de acordo com o texto, as causas estão relacionadas ao endividamento das famílias durante a pandemia, e vão virando uma bola de neve no momento atual, marcado pelo aumento da inflação e da taxa de juros.
Gráfico publicado pela Folha Online
Luz no fim do túnel
“Quem tem prestações tem dívidas. Quem tem dívidas paga juros. Quem paga juros realiza menos sonhos. Estar endividado não é um problema. O problema é quando você deixa de pagar seus compromissos em dia”, destaca Reinaldo Domingos, professor, educador e terapeuta financeiro.
Formado em Ciências Contábeis e pós-graduado em Análise de Sistemas, ele é autor do livro “Livre-se das dívidas – como equilibrar as contas e sair da inadimplência”.
A publicação traz orientações para ajudar a sair do vermelho e a investir o seu dinheiro da melhor forma possível, de acordo com a realidade de cada consumidor e consumidora. Na introdução do livro, Reinaldo indaga:
“O que resta fazer, então, em termos de reeducação financeira, em um mundo onde a maioria aprendeu a viver com dívidas e sente uma espécie de vazio, se não tiver pago algo para pagar em suaves ou pesadas prestações?”
Para ele, a obra tenta responder esta e outras questões, mostrando, principalmente, que é possível viver melhor financeiramente, mesmo com dívidas.
“Qualquer pessoa pode encontrar o equilíbrio financeiro, ainda que tenha se comprometido com alguns financiamentos, desde que respeite parâmetros básicos e treine sua visão para enxergar o comportamento em relação às dívidas, de forma mais clara e subjetiva”, ressalta o especialista.
Reinaldo ainda afirma que não é contraditório pensar dessa maneira, pois uma coisa é ter dívidas, outra coisa é não ter como pagá-las, o que caracteriza a inadimplência. No livro, ele explica como distinguir as dívidas de valor das dívidas sem valor e como interromper o ciclo de endividamento. E, claro, um passo a passo com dez mandamentos para praticar fielmente. A seguir alguns trechos do livro que merecem atenção:
Reserva estratégica
“Outro cuidado fundamental é ter uma reserva de pelo menos 12 meses do valor da prestação, para que, numa eventualidade, você possa mantê-las em dia, evitando pagar multas e juros sobre juros, protegendo-se da inadimplência e do risco de desequilibrar o orçamento ou perder o imóvel por não conseguir pagá-lo.”
Diagnosticar antes de agir
“Antes de tomar qualquer decisão, você precisa, urgentemente, fazer um diagnóstico de sua vida financeira. Isso mesmo! Você deve ter uma fotografia com alta definição de como vem conduzindo suas finanças. Pois, acredite, talvez os recursos, de que você precisa para viabilizar o pagamento da sua principal dívida, estejam ao alcance de sua mão.”
Saber diferenciar os gastos
“Você se habituou a fazer compras no supermercado mais caro da redondeza e passou a ter calafrios só de pensar em comprar em uma loja mais popular? Acostumou-se a comer a pizza mais cara do bairro e sente-se derrotado só de pensar em fazer o seu pedido naquela outra pizzaria, da esquina, mais ‘barateira’? Acabou se afeiçoando a determinada marca de sabão em pó e não abre mão dela, mesmo havendo outras, muito similares e mais baratas à venda? Todos esses comportamentos precisam ser combatidos com determinação para que você se livre da dívida decorrente do uso incorreto do cartão de crédito. E, acredite, você pode se surpreender positivamente ao aprender outros modos e perspectivas de consumir.”
Poupar para pagar: é possível?
“A maioria das pessoas acha estranho falar em poupar quando se tem dívidas e imagina que uma coisa é incompatível com a outra, mas não é. Mesmo quando se tem dívidas que estão em atraso, o hábito de poupar deve ser preservado, pois é dele que virá inclusive sua força de negociação.”
Cartão de crédito: vilão da história?
“Já virou lugar-comum dizer que o cartão de crédito é o grande vilão nas histórias de endividamento pessoal dos brasileiros…Não se pode jogar toda culpa do endividamento financeiro de alguém em um ‘inocente’ pedaço de plástico. A responsabilidade pelo consumo e pelo endividamento inconscientes dos brasileiros (e de pessoas do mundo todo) está no analfabetismo financeiro.”
O livro “Livre-se das dívidas – como equilibrar as contas e sair da inadimplência” foi elaborado pela DSOP Educação Financeira, presidida e criada por Reinaldo Domingos, que oferece cursos, seminários, workshops, palestras e formação de educadores financeiros.