“Nada anuncia mais problemas que uma mulher de calças. Bem, pelo menos, era essa a atitude na década de 1930. Barbara McClintock usou calças na University of Missouri, e isso foi considerado um escândalo. Ainda pior, ela era arrojada, direta, incrivelmente inteligente e duas vezes mais esperta que a maioria dos seus colegas…Se você acha que essas parecem ser boas qualidades para uma cientista, você está certo. Mas, na época, essas características não eram necessariamente consideradas boas qualidades em uma mulher.”
O trecho acima introduz o livro “As Cientistas: 50 Mulheres que Mudaram o Mundo”. O breve relato chama atenção para compararmos à nossa realidade com a trajetória de um dos maiores nomes da genética e ganhadora de um prêmio Nobel em 1983.
Estratégia perspicaz da autora e ilustradora da obra, Rachel Ignotofsky, que conseguiu trazer uma linguagem simples e com desenhos lúdicos ao abordar um tema geralmente desconhecido do grande público.
Como Barbara, inúmeras mulheres tiveram que se reinventar na carreira, usar pseudônimos numa época em que elas não tinham permissão para publicar artigos científicos e, ainda, travaram uma batalha diária contra estereótipos no universo acadêmico, majoritariamente composto por homens.
Infelizmente, alguns desses comportamentos costumam ser comuns nos dias atuais, não é mesmo? Por isso, a data de 11/02, que marca o Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência, é tão importante e precisa ser lembrada sempre.
Por meio da Unesco e da ONU Mulheres, vários eventos são realizados em vários países, trazendo ações que tem objetivo dar mais visibilidade às contribuições das mulheres nas áreas de pesquisa científica e tecnológica. Como é o caso da Fiocruz, que disponibiliza o programa Mulheres na Ciência, com uma série de atividades sobre o tema.
Diante disso, o blog do Uno traz um resumo do livro que conta a história dessas profissionais que servem de inspiração para várias gerações. Vamos conhecer algumas delas?
Hipátia (entre 350 – 370/415[?] d.C)
Ela é considerada uma das primeiras matemáticas e conhecida como “a egípcia inteligente’”. Viveu na Alexandria e, por meio do seu pai, tinha acesso constante à famosa e histórica biblioteca da região, onde se tornou uma professora bastante reconhecida e procurada pelos alunos. Aliás, ela chegou a inventar uma nova versão do hidrômetro.
Morreu perseguida por extremistas cristãos, numa época repleta de conflitos religiosos e políticos. Sua trajetória foi levada aos cinemas no filme Alexandria (Alejandro Amenábar, 2009), com Rachel Weisz, no papel título.
Ada Lovelace (1815-1852)
Para se ter uma ideia, o departamento de defesa norte-americano tem uma linguagem de computador que leva o nome Ada. Ela também tem uma data só dela, ou seja, na segunda terça-feira de outubro.
Considerada uma visionária no ramo da computação, programação e tecnologia, Ada, naquela época, já imaginava computadores como uma extensão dos humanos e não apenas como máquinas para fazer cálculos.
Sua maior conquista é ter projetado um modo de programar a máquina analítica, usando cartões perfurados com uma sequência de números Bernoulli. O feito é considerado o primeiro programa de computador da história.
Marie Curie (1867-1934)
Pioneira nas pesquisas sobre radioatividade e tratamento do câncer, recebeu dois prêmios Nobel (1903 e 1911) e, junto do colega de trabalho e amor da sua vida, descobriu dois elementos químicos (Polônio e Rádio). Ufa!
Estamos falando da polonesa Marie Curie, a primeira mulher a obter doutorado na França. Ela e o companheiro tiveram problemas de saúde, devido à constante exposição a componentes perigosos no laboratório. Detalhes da sua vida podem ser vistos no filme “Radioactive” (Marjane Satrapi, 2020) no Netflix, com Rosamund Pike interpretando a protagonista.
Chien-Shiung Wu (1912-1997)
A pesquisadora chinesa recebeu a medalha nacional de ciências em 1975. No entanto, ela nasceu num país numa época em que não se esperava que as mulheres estudassem.
Graças ao pai, que fundou a primeira escola para meninas onde moravam, ela teve acesso à educação. Foi uma questão de tempo ela se mudar para os Estados Unidos e continuar a se especializar em física experimental.
Lá, Chien-Shiung participou do Projeto Manhattan, ajudando a desenvolver o combustível para a bomba atômica.
Katherine Johnson (1918-2020)
A física, cientista espacial e matemática foi um dos grandes nomes da agência norte-americana Nasa. Ela foi responsável por calcular o plano de voo da primeira missão tripulada à Lua e nos projetos de viagens a Marte. Parte da trajetória desta pesquisadora, que enfrentou inúmeros preconceitos devido à questão racial, pode ser vista no filme Estrelas Além do Tempo (Theodore Melfi, 2017), com Taraji P. Henson interpretando a cientista.
Se você quer se aprofundar mais na trajetória dessas e outras profissionais, leia o livro “As Cientistas: 50 Mulheres que Mudaram o Mundo”, de Rachel Ignotofsky. Editora: Blucher.