O protagonismo da Mulher-Maravilha.
A agilidade da Viúva-negra.
A resiliência da Capitã Marvel.
O senso de dono da Tempestade, dos X-Men.
Pense rápido: o que essas heroínas têm em comum? Elas não só dominaram as telonas em filmes que renderam boas bilheterias, como também, em diversos momentos, lideraram equipes e foram primordiais em momentos decisivos, não é mesmo? Mas será que elas chegaram a se diferenciar dos colegas homens nas missões para salvar o mundo?
E no universo corporativo? Será que há diferenças ou semelhanças quando mulheres e homens ocupam cargos de liderança?
A consultoria Thomas International foi atrás de respostas para essa e outras perguntas, diante de um cenário em que 29% dos cargos de diretor executivo são ocupados por mulheres.
O levantamento aplicou dois tipos de avaliações psicométricas que analisam a personalidade: o Indicador de Traços de Alto Potencial (High Potential Trait Indicator – HPTI) e o Questionário de Traços de Inteligência Emocional (Trait Emotional Intelligence Questionnaire – TEIQue).
A pesquisa traz várias abordagens, ao avaliar 137 mulheres líderes do Reino Unido, Holanda, Austrália e Américas. As profissionais figuraram em algum tipo de posição de liderança sênior, que variava entre os cargos de diretoria e presidência. Mais de 100 líderes de pequenas e médias empresas também foram avaliados.
O que está por trás na hora de liderar
De acordo como o relatório, a análise do HPTI não apresentou diferenças de gênero significativas no que diz respeito à Consciência, Audácia, Tolerância a Diferenças e Competitividade, apesar de algumas nuances nos itens Resiliência e Curiosidade.
- Homens: pontuação mais alta em Resiliência.
- Mulheres: pontuação mais alta em Curiosidade.
“…o estudo indica que os líderes de sucesso são estatisticamente
mais propensos a ter níveis ótimos de todas as características do HPTI,
independentemente do gênero.”
- Homens: pontuação mais alta em Autocontrole, traços conhecidos como Controle Emocional, Controle do Impulsividade e Gestão do Estresse.
- Mulheres: pontos mais elevados de Gestão da Emoção e Percepção da Emoção.
“…os líderes femininos e masculinos não diferiram em Empatia, Assertividade ou Automotivação.”
O que está em jogo para as lideranças
De acordo com a Thomas International, a pesquisa fornece informações que desconstroem mitos sobre a liderança feminina e os caminhos para um líder ter sucesso.
As mulheres apresentaram características que são vistas como essencialmente masculinas, como Audácia, Competitividade e Assertividade.
E têm uma tendência maior em notar as mudanças nas emoções (Percepção de Emoção) e influenciar outras pessoas (Gestão da Emoção). Elas também tomam decisões mais rápidas (Controle da Impulsividade) e são menos afetadas pela pressão (Controle da Emoção).
Promoção justa para liderar?
Mas, na hora da promoção a um cargo de liderança, será que essa seleção é justa entre mulheres e homens? A pesquisa aponta que:
- Homens eram mais propensos a serem um líder sênior se tivessem níveis mais altos de Audácia, Tolerância a Diferenças e Competitividade.
- Eles também eram promovidos ao serem mais proativos para lidar com desafios, com informações conflitantes e quando eram mais ambiciosos e orientados para as conquistas.
- Para as mulheres, somente a Tolerância a Diferenças mostrou-se vantajosa.
- O cruzamento desses dados no estudo revela que as mulheres são desfavorecidas ao tentarem uma promoção, e que as empresas não avaliam as candidatas da mesma maneira que fazem com os homens.
“O que o resultado sugere é que, apesar de homens e mulheres terem níveis semelhantes de traços de personalidade e inteligência emocional, o modo como seus comportamentos associados são interpretados é diferente.”
O que impacta a liderança feminina
Os preconceitos “são os pontos de vista e pensamentos que as pessoas têm sobre os outros e que afetam a tomada de decisões diárias e o comportamento”.
O relatório aponta que os preconceitos inconscientes influenciam as empresas na hora de selecionar e promover seus líderes e, inclusive, ao julgar as mulheres negativamente, quando elas assumem o mesmo comportamento dos homens.
Por outro lado, o preconceito também pode vir das próprias funcionárias, ao não acreditarem no seu potencial ao disputar uma vaga interna, de igual para igual, com os concorrentes masculinos.
As fontes de inspiração para mulheres
E é possível mudar esse retrato corporativo? Sim, e muitas empresas já estão dando os primeiros passos, inclusive no Brasil.
No cenário nacional, alguns nomes de mulheres já despontam como CEOs importantes no mercado: Rachel Maia (Lacoste); Marillyn Adams Hewson (Lockheed Martin); Cristina Palmaka (SAP Brasil), Monica Herrero (Stefanini Brasil), Mary Barra (General Motors), Paula Bellizia (Microsoft Brasil) e Chieko Aoki (Blue Tree Hotels), de acordo com esta matéria.
Lembre-se
- Não há diferenças significativas entre as lideranças feminina e masculina, segundo a pesquisa.
- As empresas avaliam com outro peso o comportamentos das mulheres, quando elas assumem comportamentos que são atrelados aos homens.
- Os preconceitos inconscientes impactam o processo seletivo e a promoção dentro de uma organização.
Para refletir
- Quais e quantos são os cargos de lideranças ocupados por mulheres dentro do seu local de trabalho?
- Será que as promoções e o processo seletivo na sua organização estão atentos aos vieses inconscientes?
- Você já parou para pensar se onde você trabalha existem esses preconceitos apontados na matéria?
Acesse a pesquisa completa “Mulheres nos Negocios”, da Thomas International.