Em homenagem ao Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, continuo com a série de matérias sobre negros e negras que mudaram a história, a cultura e o campo das ciências no Brasil.
Vamos dar uma volta no tempo e fazer um breve panorama da trajetória do escritor Machado de Assis (1839-1908), uma das maiores referências na literatura.
Carioca, nascido no Morro do Livramento, ele viveu na época da Proclamação da República. Atuou como cronista nos jornais e escreveu romances, contos, poesias, peças de teatro, traduções e críticas.
Mesmo sem ter feito uma universidade, o Mestre das Periferias, como ficou conhecido, ajudou a fundar a Academia Brasileira de Letras e foi o primeiro presidente.
Suas principais obras são “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, “Quincas Borbas”, “Dom Casmurro”, “Esaú e Jacó”, “O Alienista”, entre outras.
Foto: divulgação internet
Por que ler Machado de Assis?
- preste atenção na originalidade com que ele conta histórias universais que envolvem ciúme, falsidade, hipocrisia e ambição;
- repare na habilidade de Machado como observador das situações cotidianas, como se fosse uma “lupa” sobre a sociedade carioca daquela época;
- note que ele dá a sensação de que está conversando com o leitor;
- inspire-se na escrita do autor, que é uma referência para aprimorar a redação.
No site do Ministério da Educação, você encontra boa parte da bibliografia do escritor em PDF. E você também pode procurar na biblioteca mais próxima da sua região!
Virando a página para elas – Maria Firmina dos Reis
Você sabia que a nossa literatura nacional tem escritoras negras mundialmente reconhecidas?
Maria Firmina dos Reis (1825-1917) é a primeira romancista brasileira. Nascida no Maranhão, a escritora é referência também pela luta dos direitos da mulher, educação e igualdade racial.
Foto: reprodução internet
Duas obras são essenciais para entender o legado de Maria Firmina: “Ursula”, que é considerado um dos primeiros livros escritos por uma mulher no Brasil, e “A Escrava”, símbolo da campanha contra a escravidão.
Aliás, Maria Firmina foi compositora do hino da Abolição da Escravatura. Ela não parou por aí. Também fundou a primeira escola gratuita e mista do estado.
Carolina Maria de Jesus
A mineira, da comunidade rural de Sacramento, Carolina Maria de Jesus (1914-1977) frequentou a escola por apenas dois anos.
Mudou-se para o interior de São Paulo e acabou indo morar em uma das primeiras favelas erguidas na cidade de Franca. Tempos depois foi para a capital paulista e morou na Favela de Canindé.
Foto: reprodução internet
Quando trabalhou de doméstica na casa de um médico, ela frequentava constantemente a biblioteca da família. Foi também catadora e usava folhas de caderno, que achava pelo lixo, para escrever.
O diário acabou sendo publicado nos jornais. Nascia, então, “Quarto de despejo”, traduzido em 14 idiomas, vendido em mais de 40 países, e uma das suas obras mais importantes, entre poemas, romances e crônicas.
Conceição Evaristo
Outra mineira entra no hall de escritores negras importantes. Conceição Evaristo nasceu em uma favela de Belo Horizonte, e é filha de uma lavadeira que também escrevia. Ela é considerada uma das principais referências em literatura brasileira hoje em dia.
Foto: Marcia Farias/Revista Periferias
Conceição retrata a realidade dos moradores das comunidades, seguindo o mesmo caminho de Carolina Maria de Jesus, principal influenciadora de suas obras. Entre os livros mais importantes estão “Becos da Memória”, “Ponciá Vivêncio” e “Olhos d’Água”.
Por que ler as três escritoras?
- são escritoras negras que tiveram o talento reconhecido diante de um mercado editorial em que os homens são maioria;
- elas trazem um outro universo para a literatura, como o modo de vida na periferia, e foram atrás de alternativas para o autodesenvolvimento, ou seja, quando o próprio indivíduo busca recursos e condições para sua evolução.