O dia 29 de janeiro marca a data para relembrar as conquistas e os desafios das pessoas travestis e trans. A ideia surgiu no ano de 2004, quando um grupo de ativistas trans participou, no Congresso Nacional, do lançamento da primeira campanha contra a transfobia.
A ação foi promovida pelo Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, com o objetivo de destacar a importância da diversidade e respeito para o movimento trans, representado por travestis e transexuais. A data passou, então, a representar a luta cotidiana das pessoas trans – especialmente as que se encontram em situação de vulnerabilidade – pela garantia de direitos e pelo reconhecimento da sua identidade.
No entanto, você sabia que apenas 4% da população trans feminina possui empregos formais no Brasil? Os dados são do Dossiê Assassinatos e Violências Contra Travestis e Transexuais Brasileiras em 2021, publicado pela Antra, entidade que representa essa comunidade.
Diante disso, nota-se que as empresas precisam repensar seus espaços para promover um ambiente cada vez mais acolhedor e inclusivo. E a participação dos colaboradores é fundamental nessa jornada, como mostra a cartilha Inclusão de Pessoas Transgêneras e Não Binárias no Local de Trabalho Brasileiro, de duas consultorias que são referências no assunto: Out & Equal – Workplace Advocates e Diversity BBOX. Vamos conhecer alguns pontos? Parte dos conteúdos foi adaptada para melhor compreensão.
Primeiramente, é necessário entender o que é identidade de gênero:
Gênero atribuído ao nascimento
Ao nascer, a sociedade designa indivíduos com base em sua anatomia observável (genitália e/ou órgãos
reprodutivos), cromossomos e/ou hormônios. Essa acaba sendo a razão, para uma designação
social e legal, geralmente determinada por um médico, se um indivíduo deve ser considerado homem ou mulher.
Identidade de gênero
Gênero com o qual uma pessoa se reconhece, que pode ou não estar de acordo com o gênero que lhe foi atribuído em seu nascimento. Não deve ser confundido com características sexuais e anatômicas.
Nota: O termo “sexo biológico” não é usado aqui. As opções binárias de ser “biologicamente masculino” ou “biologicamente feminino” não capturam totalmente as diferentes variações biológicas, anatômicas e cromossômicas que uma pessoa pode ter.
Pessoas cuja identidade de gênero é diferente do gênero atribuído ao nascimento são pessoas de identidade transgênero. Por exemplo, uma pessoa pode ter o gênero mulher designado ao nascimento, mas se identificar como homem. Outros se identificam como nenhum, ambos, ou em algum lugar entre, dentro ou fora da norma binária. Muitas pessoas usam o termo mais amplo “não binário” para descrever essas identidades.
E não para por aqui. A cartilha também traz definições de termos como Cisgênero, Não Binário, Transgênero, Transexual e Travesti. E, também, sobre o uso da linguagem inclusiva. Vale a leitura!
Além de se informar mais sobre o assunto, você também pode ter um papel fundamental na inclusão no ambiente profissional, seja como integrante ou não dessa comunidade.
1 – Compartilhe proativamente seus pronomes para promover um ambiente de respeito e conscientização.
2 – Não faça suposições sobre a identidade de gênero: experiências trans e não binárias não são universais.
3 – Reconheça erros. Peça desculpas e corrija-se ao usar o pronome errado. Além disso, não torne o seu erro num grande problema, haja com naturalidade. Faça a correção, avance na conversa e, talvez, fale com a pessoa em particular: “Sinto muito por ter errado mais cedo. Vou melhorar, me atentar melhor da próxima vez. ”
4 – Não pergunte sobre o status médico (isso inclui hormônios, cirurgia etc.) Isso não deveria ser um assunto no ambiente de trabalho, e nem questionado ou introduzido por pessoas cis.
5 – Respeite a jornada e acredite na realidade. É importante respeitar o fato de que entender a própria identidade de gênero pode ser um processo. Por esse motivo, indivíduos trans e não binários podem perceber que um nome ou pronomes diferentes estão mais de acordo com sua identidade de gênero. Permita essa flexibilidade e respeite seu processo interno.
6 – Continue a fornecer educação e treinamento aos funcionários sobre questões LGBTQI+ que incluem informações sobre indivíduos trans e não binários. Os gestores devem estar cientes de como implementar políticas e práticas que incluam todas as identidades de gênero.
Para saber mais detalhes sobre conceitos e outras informações, acesse a cartilha Inclusão de Pessoas Transgêneras e Não Binárias no Local de Trabalho Brasileiro.
Você sabia? Atualmente, é possível mudar o nome e o gênero nos documentos de identificação no cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais, sem a necessidade de ação judicial ou da realização de cirurgia de transgenitalização, conforme recente decisão do STJ.