Como se tornar agente da transformação na luta antirracista? Ao ouvir uma piada de mau gosto, com cunho racista, como ajudar a pessoa a compreender que está equivocada? Como ensiná-la a ter mais empatia e compaixão com o outro? Inclusive na empresa onde você trabalha?
Aproveitando a ocasião, no Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, o blog do Uno divulga um curso para sensibilizar as pessoas em prol de uma sociedade mais diversa e igualitária.
O curso “Cultura Antirracista” é on-line, gratuito e está disponível na plataforma Descola. Há emissão de certificado digital. O objetivo é mostrar o contexto histórico e contemporâneo da comunidade negra no Brasil, para entender como o racismo se apresenta de maneira estrutural em vários segmentos. De acordo com a ementa do curso, será possível:
- identificar os próprios vieses inconscientes e atitudes e falas preconceituosas;
- reconhecer também os instrumentos para agir diante de discriminações nos ambientes corporativo e pessoal.
Módulo 1 – Contexto de mundo – Racismo estrutural
1. Introdução
2. A professora
3. Um breve contexto histórico do racismo
4. Panorama Social – Os negros no Brasil
5. Violência contra negros
6. O mundo ao inverso
7. Personalidades negras e suas contribuições para a humanidade
8. Cotas e privilégios
9. Por que isso continua acontecendo?
10. Por que não basta você não ser racista, mas ser antirracista
Módulo 2 – Práticas Antirracistas
1. Quais são as atitudes de um antirracista
2. Organizações com uma cultura mais inclusiva
3. Uma nova mentalidade nas organizações
4. Em casos de racismo, o que a empresa pode fazer?
5. Como educar crianças livres de preconceitos
6. Revendo nossos comportamentos
7. Não são eles contra nós
8. Fechamento
Quem apresenta o conteúdo é Alexandra Loras. Ela é jornalista, mestre em gestão de mídia e ex-consulesa da França, filha de pai gambiano e mãe francesa. Atua como palestrante e consultora em gestão de performance e mudança organizacional, capacitando mulheres e afrodescendentes para ocuparem cargos de alta liderança.
Confira alguns trechos da fala da Alexandra Loras durante o curso:
“…temos que perceber que esses
12 milhões de negros africanos que foram trazidos pra cá,
durante quatro séculos, tiveram uma descendência.”
“…temos que desconstruir o fato de que o racismo é velado.
Na verdade, para nós, negros, ele é escancarado.
Ele é frontal.”
“Entrar numa loja de brinquedos no Brasil, que tem a segunda maior população negra do mundo,
depois da Nigéria… é inaceitável não encontrar
um super-herói negro nacional.”
“Então, quando olhamos os números, em 2019, houve 259 negros mortos pela polícia nos EUA.
No Brasil, foram 4.533…
Então, é 17 vezes pior que nos EUA.”
“Outro tipo de fake news que observamos na cultura brasileira é que muitos acham que não houve leis segregacionistas como nos EUA, mas, na verdade, houve…”
“O seriado ‘24 horas’ influenciou muito a eleição de Barack Obama. Porque dentro desse seriado, tinha, pela primeira vez na História, um negro retinto como presidente dos EUA.”
“…a Kodak, que durante décadas, não tinha preparado o seu material audiovisual para acolher a nossa linda pele. Vamos olhar alguns vídeos que relatam o quanto a Hewlett-Packard desenvolveu uma recognição facial de computador, mas não desenvolveu para pessoas negras.”
“Então, a questão da branquitude é o branco não se enxergar como raça, é
se enxergar como essa normalidade, como o padrão de toda humanidade.
E quando os brancos fazem isso,
eles colocam sutilmente todas as outras raças como inferiores.”
“Quantos negros você namorou?
Quantas negras e negros você convida para o seu aniversário?
Quantos negros estudaram com você?
Ou trabalham com você hoje?
Quantos negros você contratou na sua própria empresa?”
“Um relatório da McKinsey de 2015, com 3.166 empresas públicas,
constatou que aquelas que prezam pela diversidade étnico-racial na gestão tinham
35% de mais chances de ter retorno financeiro do que a média do setor.”
“Somos também orientados para uma convivência harmoniosa
através de palestras e debates sobre a questão racial
para educar e treinar as equipes a pensarem mais sobre o assunto.”
“Nós também devemos nos tornar responsáveis pela diversidade e
criarmos políticas de reparação para a equidade de gênero e, também, sobre a diversidade étnico-racial.
E, dentro da liderança, é bom também saber se o time entende sobre
os seus próprios vieses inconscientes e prestar atenção para sair da zona de conforto.
Meu time foca sempre nos grupos que precisam ser mais bem representados?”
“Precisamos entender que o mundo ao redor dos nossos filhos é preconceituoso.
Então, precisamos educar e reavaliar o quanto eles estão dispostos
a entender mais como respeitar pessoas diferentes.”
“Entenda se a escola do seu filho atende uma proposta antirracista e que ações são propostas.
“Como, por exemplo, a lei 10.639, de 2003, que inclui a obrigatoriedade
da história africana e afro-brasileira, dentro do currículo dessa escola.”
Durante as aulas, você também poderá fazer um teste para avaliar seus vieses inconscientes racistas. Para iniciar essa jornada, clique em curso Cultura Antirracista. Nos vídeos, é possível acionar a legenda em português.
Outros caminhos na luta antirracista
Quer se aprofundar mais sobre o tema? Ouça o programa Educação Antirracista, do podcast Diversitalk, da consultoria Diversidade Mais. A convidada é Suzane Jardim. Ela é historiadora, mestranda em Ciências Humanas e Sociais e educadora em questões étnico-raciais. Ela destacou também como organizações podem apoiar na construção de ambientes mais diversos e inclusivos.
Suzane também apresentou um curso sobre o tema, já divulgado pelo blog do Uno. Confira a matéria neste link: http://atilauno.com.br/index.php/2020/06/05/curso-online-gratuito-aborda-educacao-e-antirracismo/.
Leia também:
http://atilauno.com.br/index.php/2020/11/20/filmes-e-series-em-prol-da-representatividade-negra/
http://atilauno.com.br/index.php/2019/11/27/os-desafios-da-comunidade-negra-no-mercado-de-trabalho/
http://atilauno.com.br/index.php/2019/11/22/negrosquefizeramhistorianageografiaeengenharia/